Texto para análise:

– Andas para aí a gabar as tuas pernas sem te lembrares de que nem tudo o que luz é ouro. Bem conheço eu o valor das minhas, e a ninguém desejo mal por ter menos do que eu. Mas já que tanto falas, vamos lá ver se a razão está do teu lado. No próximo domingo, festeja-se o casamento da filha do nosso régulo e por certo muita gente se irá reunir na aldeia. Pois será esse o dia escolhido para o nosso desafio. Aceitas?

– Por quem és, meu pobre amigo! Lá estarei para vermos do que és capaz – respondeu a raposa, mal conseguindo conter o riso.

– Pois bem, partiremos de um lugar marcado e corremos até ao limite das terras do nosso régulo – tornou o cágado. – O primeiro que chegar ganhará um fato novo para si e outro para dar de prenda à filha do régulo. E o que perder pagará tudo.
A raposa aceitou as regras e foi cada um para sua casa. O cágado mandou então chamar todos os irmãos, expôs-lhes o caso e entre eles combinaram a partida a pregar à raposa.... Espalhar-se-iam ao longo do caminho, escondidos pelo capim, e, de cada vez que a raposa chamasse pelo cágado, responderia sempre o que estivesse à frente.

Terminada a combinação, o cágado abalou.

Quando ambos estavam prontos para a partida, diz o cágado à raposa:
– Tu não te preocupes comigo se não me vires, pois bem sabes que eu não sei saltar; só sei correr pelo meio da erva.
– Corre com as quatro patas e não as deixes arrefecer, pois a aposta já a ganhei eu...
O sinal de partida foi dado e a raposa, em meia dúzia de saltos, perdeu o cágado de vista. Convencida de que ele ficara para trás, e também por troça, parou e pôs-se a chamar:
– Então, amigo cágado, andas ou não andas?
– Amiga raposa – respondeu o cágado da frente –, corre quanto puderes e não te preocupes comigo, que já vou adiantado para te mostrar o caminho.

Surpreendida e um tanto atrapalhada, a raposa dobrou os seus esforços. Quando pensava que, desta feita, teria deixado o cágado muito para trás, voltou a chamar:
– Amigo cágado, ainda ouves a minha voz?
– Já quase não a ouço – respondeu o cágado da frente – e se tu continuas a correr tão pouco, ainda me esqueço de que preciso de correr e acabo por adormecer no caminho...
Desta vez a raposa perdeu a cabeça e não pensou senão em fugir quanto as pernas lho permitissem. Quando já estava perto do ponto de chegada, a deitar os bofes pela boca e de rabo entre as pernas, mal pôde acreditar no que os seus olhos viam: o cágado, que já tinha chegado à meta, vinha agora ao seu encontro a gritar-lhe:
– Oh, amiga raposa, venho ver se precisas do meu auxílio, que já estou cansado de esperar por ti! Melhor seria se estendesses mais as pernas e encurtasses a língua, porque assim talvez fizesses melhor figura. Olha, que a lição te sirva de emenda e te evite novas desilusões, que nunca poupam os linguareiros e os presunçosos...
1. Identifica o género literário do texto.
Narrativo (fábula).
2. Quem são as personagens principais?
O cágado e a raposa.
3. Em que espaço decorre a ação?
Na aldeia e ao longo do caminho até ao limite das terras do régulo.
4. Qual é o conflito principal da narrativa?
O desafio de corrida entre o cágado e a raposa.
5. Como se caracteriza a raposa?
Vaidosa, presunçosa e convencida da sua superioridade.
6. Que estratégia o cágado utiliza para vencer?
Pede ajuda aos irmãos, que se espalham ao longo do percurso, iludindo a raposa.
7. Transcreve uma passagem que demonstra ironia no texto.
“Venho ver se precisas do meu auxílio, que já estou cansado de esperar por ti!”
8. Qual é a moral da história?
Nunca subestimar os outros e evitar a arrogância.
9. Identifica um exemplo de discurso direto no texto.
“– Então, amigo cágado, andas ou não andas?”
10. Que sentimento a raposa demonstra ao longo da corrida?
Inicialmente confiança e depois surpresa, frustração e cansaço.
11. Explica a função dos irmãos do cágado na narrativa.
Tornam possível o truque que engana a raposa, permitindo a vitória do cágado.
12. O narrador é participante ou observador? Justifica.
Observador; narra na 3ª pessoa e não intervém na ação.
13. Que tipo de tempo predomina no texto: cronológico ou psicológico?
Cronológico, pois segue a ordem dos acontecimentos.
14. Identifica uma expressão figurada utilizada no texto.
“A deitar os bofes pela boca” (hipérbole para mostrar cansaço).
15. O que simboliza a personagem do cágado?
Esperteza, humildade e inteligência.
16. O que simboliza a personagem da raposa?
Vaidade e excesso de confiança.
17. Resume o texto em 3 a 4 linhas.
O cágado desafia a raposa para uma corrida. Com a ajuda dos irmãos, engana a raposa, que perde a aposta e aprende uma lição sobre humildade.
18. Indica um valor transmitido pelo texto.
Valorização da humildade e da inteligência sobre a força ou velocidade.
19. Que efeito provoca no leitor o desfecho da história?
Surpresa, satisfação e reflexão sobre as atitudes das personagens.
20. Propõe um título alternativo para este texto.
“A Corrida do Cágado e da Raposa” ou “A Lição da Humildade”.
Texto para análise:

O velho António sentava-se todos os dias no mesmo banco do jardim, debaixo da grande tília. Observava as crianças a brincar, os cães a correr atrás das bolas, os casais a passear de mãos dadas. Gostava do silêncio entre os risos, do cheiro da relva acabada de cortar, do sol a aquecer-lhe os ossos cansados.

Certo dia, uma menina aproximou-se. Trazia um livro nas mãos e um sorriso curioso no rosto.
— Posso sentar-me ao seu lado?
António acenou com a cabeça e afastou-se um pouco, fazendo-lhe espaço.
— Gosta de ler? — perguntou a menina, mostrando-lhe a capa colorida.
— Gosto, sim. Já li muitos livros, mas agora prefiro ouvir as histórias dos outros.
A menina começou a ler em voz alta. O velho António fechou os olhos, deixando-se embalar pelas palavras. Sentiu-se leve, como se voltasse a ser criança, correndo naquele mesmo jardim.

Quando a história terminou, a menina levantou-se e agradeceu. António sorriu, comovido.
— Obrigado, menina. Hoje o dia foi mais bonito.
E, enquanto a menina se afastava, António percebeu que, às vezes, basta uma história para mudar o mundo de alguém.
1. Identifica o género literário do texto.
Narrativo (conto).
2. Quem são as personagens principais?
O velho António e a menina.
3. Onde decorre a ação?
Num jardim, debaixo de uma tília.
4. Qual é o tempo da narrativa? Justifica.
Tempo presente, com algumas lembranças do passado, pois António recorda a infância.
5. Que sentimento António sente ao ouvir a história?
Sente-se comovido, feliz e nostálgico.
6. Transcreve uma passagem que demonstre o ambiente do jardim.
“Observava as crianças a brincar, os cães a correr atrás das bolas, os casais a passear de mãos dadas.”
7. Que valor principal é transmitido pelo texto?
O valor da partilha e do poder transformador das histórias.
8. Identifica um exemplo de discurso direto.
“— Posso sentar-me ao seu lado?”
9. Que efeito tem a presença da menina na vida de António?
Traz alegria, companhia e faz o dia de António mais feliz.
10. Que tipo de narrador está presente no texto?
Narrador observador (terceira pessoa).
11. Explica o significado da frase: “basta uma história para mudar o mundo de alguém”.
Uma pequena ação ou palavra pode ter grande impacto na vida de outra pessoa.
12. Que sensação o autor transmite ao descrever o jardim?
Transmite paz, tranquilidade e harmonia.
13. Como se caracteriza António?
É um homem idoso, solitário, sensível e aberto à partilha.
14. Identifica uma metáfora presente no texto.
“Deixando-se embalar pelas palavras.”
15. Resume o texto em três linhas.
António, um idoso solitário, encontra alegria e companhia quando uma menina lhe lê uma história no jardim, mostrando que pequenos gestos podem transformar o dia de alguém.
16. Que papel tem o livro na narrativa?
O livro é o elemento de ligação entre as personagens e o motor da transformação emocional de António.
17. Identifica o clímax da narrativa.
O momento em que a menina lê a história e António se sente novamente criança.
18. Que mensagem o texto transmite sobre a convivência entre gerações?
Mostra que a convivência entre jovens e idosos pode ser enriquecedora para ambos.
19. Propõe um título alternativo para o texto.
“O Banco do Jardim” ou “A História que Mudou o Dia”.
20. Que tipo de final tem este texto: aberto ou fechado? Justifica.
Fechado, pois o desfecho é claro: António sente-se feliz e transformado pela experiência.